La crisis en Venezuela parece no haber tocado fondo y el colapso económico total que lleve a la quiebre estaría cerca, según una publicación del diario portugués Público. “Venezuela no era una dictadura hasta la semana pasada”.
Asimismo, indicó que la nación latinoamericana se aproxima “de forma acelerada” a un momento de quiebre que puede lanzar a la nación “a un caos todavía más profundo que el actual” y advierte que el enfrentamiento entre el Gobierno de Nicolás Maduro y la oposición sube de tono y “comienza a agotarse las salidas que eviten la violencia”.
Agrega que el Gobierno venezolano “está empeñado en impedir la convocatoria del Referéndum Revocatorio” promovido por la oposición para sacar a Nicolás Maduro de la Presidencia.
El profesor del Instituto de Ciencias Sociales (ICS) de la Universidad de Lisboa, Andrés Malamud, considera “imposible” la realización del Revocatorio en Venezuela, pues a su juicio “el Gobierno tiene todas las herramientas para que el Referéndum no se haga este año”.
“Es más probable que Maduro salga (del poder) por un golpe de Estado que por el RR”, apuntó el especialista en sistemas políticos de América Latina.
A continuación el texto íntegro:
A Venezuela aproxima-se de forma acelerada de um momento de ruptura que pode atirar o país para um caos ainda mais profundo que o actual. O confronto entre o Governo do Presidente, Nicolás Maduro, e a oposição sobe de tom de dia para dia e começam a esgotar-se as saídas que evitem a violência. O quadro fica completo com uma crise económica que esvaziou os frigoríficos da população.
O regime está empenhado em impedir a convocação de um referendo promovido pela oposição à continuidade de Nicolás Maduro na presidência. “Maduro não vai ser afastado nem com referendo nem com nada”, afirmou o vice-Presidente, Aristóbulo Istúriz, durante a noite de domingo, numa acção de solidariedade com a Presidente brasileira, Dilma Rousseff, no estado de Anzoátegui.
A oposição vai responder nas ruas, com uma manifestação em Caracas nesta quarta-feira. O objectivo é pressionar a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), um órgão próximo do regime, a fazer avançar o processo de marcação do chamado referendo revogatório. Mas há o receio de que o estado de excepção em vigor seja usado para justificar a repressão dos protestos, e que se repitam os episódios de violência de 2014 em que dezenas de pessoas morreram em várias cidades.
O Governo pretende encontrar ilegalidades no processo em curso promovido pela oposição para convocar a consulta popular. “Eles sabem que aqui não vai haver referendo. Estão convencidos. Estão a fazer ‘teatro’”, garantiu o vice de Maduro.
E é muito provável que a estratégia do chavismo funcione. O professor do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, Andrés Malamud, considera ser “impossível” a marcação do referendo. “O Governo tem todas as ferramentas para que o referendo não se faça este ano”, diz.
O processo para convocar um referendo para destituir o Presidente é longo e repleto de formalismos. Para que o procedimento fosse lançado, era necessária a entrega de pelo menos 200 mil assinaturas — a Mesa da Unidade Democrática (MUD, a plataforma oposicionista que venceu as eleições legislativas) entregou mais de um milhão. A CNE está agora a fazer a validação, uma a uma, das assinaturas, o que deverá concluir até ao início de Junho. Para que esta etapa fique completa, é necessária ainda a verificação presencial de pelo menos 200 mil signatários, ou seja, as pessoas terão de se deslocar a um local específico e fornecer dados biométricos para fazer um registo definitivo da sua intenção.
A última fase exige o agrupamento de assinaturas de 20% do eleitorado — nada menos que quatro milhões de pessoas. O Governo pretende contestar desde já o primeiro conjunto de assinaturas recolhidas pela oposição. “Primeiro porque o fizeram tarde, segundo porque o fizeram mal, terceiro porque cometeram fraude”, disse Istúriz, citado pelo diário venezuelano El Universal.
A oposição luta também contra o tempo. Se o referendo não for realizado antes de 7 de Janeiro não serão convocadas eleições antecipadas, mesmo que Maduro seja destituído — a vitória eleitoral do “não” ao Presidente só é válida se houver um apoio superior ao voto obtido por Maduro nas eleições de Abril de 2013. O mandato não é revogado, passando apenas para um vice-Presidente escolhido por Maduro.
“É mais provável que Maduro saia por um golpe de Estado ou por um assassinato do que o referendo tenha lugar”, nota o especialista em sistemas políticos da América Latina. As palavras de Andrés Malamud não são escolhidas ao acaso. A polarização política vivida na Venezuela nos últimos meses e o desespero causado pela crise económica fazem um cocktail explosivo.
Todos contra Maduro
Na semana passada, Maduro pode ter movido a peça que faltava, ao ter aprovado uma extensão do estado de excepção económica que estava em vigor desde Janeiro. Em termos práticos, este regime pouco fez para melhorar a situação do país.
A inflação continua a galopar e a bater recordes mundiais — o FMI prevê que ultrapasse os 700% até ao fim do ano. Mas os preços dos produtos básicos pouco importam quando as prateleiras nos supermercados estão vazias. Continuam as intermináveis filas de pessoas para comprar alimentos ou medicamentos. “Nestes últimos quatro meses, as empresas diminuíram ainda mais os seus níveis de produção”, conclui um relatório da consultora Ecoanalítica, citado El Nacional.
Con información de Sumarium